quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Anotação

...Na dificuldade de conviver consigo mesma, olha o horizonte e não pensa em nada, toma litros de café, lê, faz crochê ("cada um tem sua maneira de acalmar os nervos"), passa a tarde pensando no que fazer.
Dia ou outro sai para caminhar, andar sem rumo, seu olhar vagueia por um horizonte que quem a vê pode jurar "não está no corpo em que habita".
Seu coração não agüenta mais as injustiças do mundo, não sabe expressar.
Quando cansa de si tenta criar contato com outras pessoas, e riem, todos riem dela inclusive ela. Sempre que sai é para dar-se conta do ser-humano que é, e chegar sem pernas, braços e cabeça. Volta ao primeiro estágio. Outro dia lhe disseram que só o que importava era ter algo, se fez senhorita de negócios e foi aos trampos e barracos. (Lá fora: gargalhadas, olham-na de cima à baixo e exclamam: o que é isso?!). Já não acredita acredita em liberdade. Volta ao estágio inicial...

S.S.O

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O meio (uma expressão sincera)

http://www.toruiwaya.comYoung clownOriginal title: Wakaki DoukeYear: 1981


O meio, cá estou e não sei se quero estar em outro lugar, não quero estar em lugar algum, mas sempre me empurram para o meio, já fiz dele um lar.

É neste meio que me embreago, quando balango para lá e para cá, estou sempre causando catástrofes: São as paredes do meio.

Parece não haver mais nada neste lugar, ah, mas eu encontro!

Às vezes causo catástrofes como um bêbado que depois de uma forte ressaca esquece tudo. Mas a maior parte das vezes sou um palhaço que dá risada no palco e chora na coxia.

Estou no meio e não posso me atrever a sair daqui, o meio é o palco onde as pessoas me observam, e o palco é culpa, não há quem negue, a culpa é sempre minha.

Ataquem as pedras no artista!

Sonho

imagem: Sir John Everett Millais, Ophelia

Serena atirou-se ao rio...
Serena flutua...
serena...
S.S.O